quinta-feira, 15 de novembro de 2012

Hora de conhecer HQs clássicas brasileiras


Hora de conhecer HQs clássicas brasileiras

Por Paulo Floro  - Ne 10

2012 será proveitoso para ler (ou reler) obras importantes de autores como Angeli, Larte, Luiz Gê e Lourenço Mutarelli
O ano anterior foi muito bom para os quadrinhos nacionais. Diversos novos autores conquistaram espaço em diversos gêneros narrativos e até chegamos ao difícil e fechado mercado norte-americano de comics. Fábio Moon e Gabriel Bá lançaram Daytripper primeiro no mercado ianque, que sempre mostrou-se receptivo para desenhistas estrangeiros, mas fechados para roteiro. Neste 2012 que se inicia, parece que chegou a hora de revisitar o nosso passado em quadrinhos. Cheio de clássicos, essas obras são desconhecidas por boa parte do público, e muitas estão fora de catálogo.

A Companhia das Letras anunciou entre seus lançamentos para o ano o retorno da porralouca mais amada da cultura pop nacional: Rê Bordosa. Criada por Angeli nos anos 1980, a personagem tornou-se vítima do próprio sucesso. Sufocado pela repercussão, o autor decidiu pôr um fim às tiras de Rê, que só ressurgiria anos depois em um longa-metragem. Agora, ela ganhará a primeira edição definitiva, chamada de "Rê Bordosa Total", com todas as suas desventuras e conversas de ressaca na banheira. Atualmente, a L&PM mantém em catálogo um livro de bolso com algumas tiras.

Los Três Amigos ganham edição encadernada em 2012

E Angeli ainda marca presença nas livrarias este ano com mais de seu passado nas HQs. O coletivo Três Amigos, formado por ele, Angeli e Glauco terá um encadernado com as tiras produzidas pelo trio. A junção dos três maiores nomes dos quadrinhos é um legado que está espalhado por álbuns da Devir, muitos deles difíceis de encontrar. A parceria foi destaque em uma edição do finado Festival Internacional de Humor e Quadrinhos de Pernambuco (FIHQ), quando foram tema de uma exposição. 

Ainda sobre Angeli: o quadrinhista terá lançamento de suas tiras mais recentes no livro Lixos da História. Já Laerte, que lançou pela mesma editora o elogiado Muchacha vai ter suas tiras recentes de Piratas do Tietê publicadas na Folha de S. Paulo reunidas no livro Manual do Minotauro, mesmo nome do blog onde hoje hospeda seu acervo. Laerte sofreu uma metamorfose em sua produção desde o final dos anos 1990. Seu trabalho aposta agora em algo mais metafísico, não necessariamente humorístico e com temas como sexo, homossexualidade, transexualidade, morte. É a primeira vez que tudo isso será compilado. 

E outro clássico lançado originalmente em 1991 chega às lojas: Avenida Paulista, de Luiz Gê. O livro acompanha 100 anos na história de uma das vias mais famosas no Brasil. 

O personagem Diomedes, de Mutarelli, estava sumido das livrarias

O retorno mais curioso foi o de Diomedes. O personagem criado por Lourenço Mutarelli foi apresentado na trilogia A Soma de Tudo, O Dobro de Cinco e O Rei do Ponto. Todos foram publicadas pela Devir e estavam esgotados nas livrarias. Foi preciso de muita negociação entre a Cia das Letras e a antiga editora para que a obra retornasse às livrarias. Para muitos, este é o trabalho que melhor sintetiza a estética e narrativa de Mutarelli, cheio de sombras, sujeira e um toque de expressionismo. Seu novo livro, Quando Meu Pai Se Encontrou Com o ET, Fazia Um Dia Quente foi lançado em dezembro do ano passado.

Mas, muita coisa ainda precisa ser lançada para que nossa biblioteca de quadrinhos fique perfeita. Obras publicadas nos anos 1970 ainda seguem desconhecidas ou fora de catálogo. Qual HQ você gostaria de ver novamente nas livrarias?

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