quinta-feira, 13 de março de 2014

Mundo dos quadrinhos ao alcance de todos

GIBITECA HENFIL - AM

Mundo dos quadrinhos ao alcance de todos
Funcionando no Espaço Cultural Ziraldo Alves Pinto, no Centro de Manaus, a Gibiteca Henfil oferece acesso gratuito a obras que marcaram várias épocas no mundo das HQs.

*Jony Clay Borges
Para muitas crianças e jovens- e alguns adultos-, o paraíso deve ser algo como uma sala cheia de revistas e gibis de seus heróis, desenhistas e autores preferidos, e onde seus amigos podem se reunir para falar das histórias em quadrinhos. Certo, o paraíso pode não ser só isso, mas esse existe aqui mesmo na Terra: trata-se da Gibiteca Henfil, que funciona na Escola Oficina de Artes Jack’s Cartoon, no Centro.

Única coleção de quadrinhos aberta ao público na cidade, a Gibiteca Henfil tem um acervo de mais de 2 mil obras de todos os gêneros, das revistas de super-heróis , como o Homem Aranha de Stan Lee,às HQs alternativas e underground, como “ Sandman”, de Neil Gaiman. Os exemplares ficam a disposição dos alunos da escola e do público em geral no horário comercial, das 8h às 18h.






A iniciativa de disponibilizar tal acervo foi do cartunista e chargista Jack Cartoon. No final de 2003, ele abriu a Escola Oficina de Arte Jack’s Cartoon, mesmo espaço onde funcionam a Gibiteca Henfil e o Espaço Cultural Ziraldo Alves Pinto – nomes dados em homenagem a duas grandes personalidades do quadrinho brasileiro. A gibiteca começou a partir da coleção particular de Jack.



“Coleciono desde os anos 70. Guardava muitos álbuns da Turma da Mônica ,Disney e da Marvel e DC Comics. Sempre que tinha oportunidade eu comprava quadrinhos”, afirma o cartunista, que revela gostar de compartilhar com os outros as coisas de que admira. “ Há outras pessoas que tem coleções, mas privada. Eu faço questão de abrir ao público”.
Fã de quadrinhos desde a infância e comprador de HQs até os dias de hoje, Jack atribui muita importância à arte seqüencial. “Uma pessoa que passa a ler quadrinhos passa a refletir, questionar”, acredita  ele.





Biblioteca de Gibis
Jack conta que, inicialmente, resolveu abrir a gibiteca pelo interesse dos alunos da oficina. “Mostrei para eles conhecerem um pouco dos quadrinhos contemporâneos e dos anos 60,70 e 80”, lembra ele, acrescentando que a intenção também era a de organizar e permitir o acesso a sua coleção.
“Foi uma realização minha, ter meu material organizado e aberto”, declara o artista. Ainda assim, ele revela ter muito ciúme de seus quadrinhos. “ Empresto para meus alunos, mas apenas porque antes de iniciar as aulas, ele é “fichado”, como dizemos aqui,” brinca.
Dentro da Jacks Cartoon, a gibiteca se resume a uma estante repleta de histórias em quadrinhos, na entrada de uma sala com mesas e cadeiras. Segundo Jack , o espaço funciona como uma biblioteca qualquer. “As pessoas chegam, preenchem uma ficha, me dizem os gêneros de que gostam mais e eu levo alguns exemplares.”  

Em busca de doadores
Além de adquirir periodicamente muitos títulos em quadrinhos e revistas, Jack Cartoon também conta com doações para incrementar o acervo da Gibiteca.

A última delas foi feita por um senhor, que doou ao local 88 títulos. Quem estiver interessado em contribuir pode visitar a Gibiteca Henfil, na rua 24 de maio, 590 A, no centro, ou ainda entrar em contato com o cartunista pelos telefone ( 9281 – 4004 / 3234 – 1434 )
E-mail: jackdesenho@gmail.com

Na minha Oficina de Arte , eu ensino o desenho, a pintura, a leitura, o companheirismo e o entrosamento entre os alunos”, declara Jack Cartoon, que abriu sua oficina de artes com o desejo de compartilhar seu conhecimento em desenho. Na Jack’s Cartoon, o artista ministra oficinas de Desenho Japonês ( Mangá ), História  em Quadrinhos, Cartum, Caricatura , Charge e Desenho Artístico, entre outras, voltadas para adultos, jovens e crianças, a partir de 8 anos de idade.

Uma arte sem tempo
A estante das Gibiteca Henfil guarda diversas obras importantes do segmento de humor e quadrinhos , algumas delas até raridades. Entre estas, estão exemplares do anárquico periódico “O Pasquim “ e as edições brasileiras da revista “Mad”, ambos dos anos 70.  O primeiro foi um ícone da crítica política e social por meio do humor, enquanto o segundo marcou pelas suas sátiras ao comportamento e à produção televisiva.
Jack Cartoon conta que procura adquirir títulos de vários gêneros, para abranger todos os gostos. Uma das obras que fazem mais sucesso entre os freqüentadores adultos da gibiteca , segundo Jack, é a graphic novel “ Wolverine – Origem “, de Paul Jenkins e Andy Kubert ( vencedora do Prêmio  HQ Mix 2002 como Minissérie Estrangeira ).
Outro segmento importante da gibiteca são os quadrinhos nacionais. Como não poderia deixar de ser, aí se incluem os clássicos de Henrique  de Sousa Filho, o Henfil, que dá nome ao espaço. Dele, o acervo  tem “ Hiroshima, meu Humor ” e o popular “ Fradim “. Para os adultos, vale a pena conhecer também a obra erótica de Carlos Zéfiro – seus “catecismo”, que faziam sucesso entre a juventude que hoje está na meia-idade.    

*Reporte  do Jornal A Crítica ( Manaus, quarta-feira, 19 de janeiro  de 2005 )